O desafio agora é construir algo que faça sentido.

um exercício de autodesenvolvimento nas artes-manuais para terapias.

Texto-processo de uma pesquisadora (CLS) da Pós-Graduação Artes-Manuais para Terpias*.

 

Pensamento rápido, lógico, quer trazer rapidamente. O que fazer?

Aprender algo novo? Vida que segue, rotina, tempo, cansaço, autocobrança em fazer logo a ansiedade se instala.

Mas a proposta ter calma na escolha, viver o processo, sentir, olhar e observar o fora e ver o que acontece dentro o que reverbera para fora.

Um trabalho manual a escolher. Na calma que não se tem. Como trazer a calma neste ser acelerado com ânsia de viver, amar, sentir e estar.

Começo foi passear nos conteúdos na tela do computador. Observar a ligação das gerações e saber que tudo está interligado.

A escrita é a forma física, falar e estar no sentido da alma, elabora algo, pensar está no espírito. Onde podemos analisar o ser humano? No corpo, na alma ou no espírito? Ao observar uma criança a equilibrar, podemos ver resiliência, alegria na conquista, tudo está alinhado no corpo, alma e espírito.

 

A base da vida está pronta.

O corpo pode crescer.

A alma pode sentir.

O espírito pode ser.

Tudo acontece no seu tempo e o espírito aguarda cada fase.

Tudo isso lindo de ver crescer e florescer.

(CLS)

 

Em nós adultos podemos buscar na trama da vida, os nos, pontos que pulamos, fios que tivemos que juntar. E na obra agora finalizada podemos ver onde começamos, pontos fortes e fracos, soltos e apertados, apenas observar e refazer, não dá mais. Agora é admirar.

E como elaborar tudo isso com minhas próprias mãos? Minhas vivencias, experiências desconstruídas, para nascer o novo escolha e construção.

O que o corpo pede junto da alma?

Tricô --------- buscar ajuda pois não tenho domino da técnica, buscar na sabedoria de uma senhora que é avó de um aluno.

Ideia perfeita!

Mas não aconteceu. Desejo do espírito, de encontro com os desafios da vida, superar, encarar e começar.

A linha o que vai nascer não sei?

Outro material surge, trança de citronela. Cestaria? Uma cesta? será?

E assim começo sem saber onde vai dar e onde vou chegar.

 

Como podemos perceber e ver o corpo físico a matéria aqui atrama da citronela e a linha, a alma atuando a vontade do espírito.

(CLS)

 

A primeira obra nasce.

O perfume está em minhas mãos.

A dor do nascimento reflete em meu braço e mãos.

Contemplo a obra com corpo, alma e espírito.

Segunda obra inicia com vontade e desejo de ter controle sobre ela, mas o espírito se impõe e ela faz seu movimento da autonomia de atuar no mundo.

Ela se mostra mais aberta e mostrando suas cores e formas, tons, flexibilidades, se medo de se mostrar. O ser em construção.

Os trabalhos pediram constância, porém a vida cotidiana não deixou acontecer.

Nova estratégia, fazer a constância chegar na vida cotidiana.

Com os trabalhos quase prontos, já penso na construção do caderno e rascunho para poder escrever, tudo aquilo que vinha através da alma.

A constância trouxe um frio na barriga, crochê veio com a intenção de pedir ajuda, no sentindo de ser humilde em aprender, veneração a sabedoria aprender a aprender.

A repetição e constância me tira o do foco, me traz sentimento de regras e prisão.

Não sou eu quem fala e sim meu espírito livre, criativo, sem limites a experimentar,

vivenciar e criar algo que se expressa, expressão do eu.

Com isso este espírito, diz vim pelo portal de uma mulher, que me ensinou a buscar por mim mesma a força e vontade de viver, sentir e amar.

Com isso me descubro que sou um espírito livre, sou do mundo, mundo das diversidades e complexidades, meu olhar se amplia a ver o horizonte sem perder o foco no meu eu.

Ansiedade bate forte querendo ver novo nascer e me debruço e trago a força da vida o renascer de todos os dias.

Desafios superação, até nasce a vontade de chorar, aflora as emoções, agora agradecer põe este momento de novo nascimento, mas agora consciente de me ver o quem está dentro de mim, sei quem sou.

Dizem que dói nascer, crescer e aqui estou para reviver estas dores, deste encontro comigo mesma. a busca dos materiais foi essencial para construção deste ser C. em matéria, meu eu em formação e construção.

Nas minhas mãos fiz a base e quando menos esperar começou a subir. Como a própria vida, que nasce das mãos, a dor (mãos e braço), o perfume simboliza a vida que impregna nas mãos e no ambiente que eu estou.

Enquanto trabalho com as mãos sinto que o corpo também está em ação, pensamentos ativos que voam em coisas cotidianas no trabalho e também chego a sonhar.

Nasce dois trabalhos de cestaria, um que me mostra antes comprime quem eu sou e o outro mostra que me liberta a ser eu.

Dedos e ombros doem, mas não quero parar. Pensamento acelerado,

preocupação do mundo externo aparecem, durante todo trabalho pesquiso sobre bronquite para ajudar uma criança de 3 meses, um projeto grandioso surge em meus olhos, manualidade solidária.

A mente acelera ainda mais, viajo em ideias, e com coração coloco em ação. Um fazer com as mãos juntos de outras pessoas que não conhecemos, mas neste momento nos conectamos com a trama da vida.

Um manto começa a ser construído, para cobrir todos aqueles que precisam aquecer a alma com amor, fraternidade através de nossas mãos. Esta trama do invisível acontece. Posso sentir este acolher, calor deste amor que temos sem ao menos conhecer apenas sentimos o outro empatia, e é assim que a alma reconhece o outro.

De fio a fio, de mãos em mãos neste encontro invisível fiamos no mundo sutil com nossas mãos o manto de calor para todos que precisam.

Com isso deixamos registros para outras gerações, para termos humanos mais solidários, empáticos, fraternos, que se unem pela força do amor.

O mundo espiritual atuando acima e dentro de nós.

Preciso pensar no caderno, este que representa meu físico para poder deixar nele a expressão do espírito. As folhas do caderno são do bagaço da cana, textura mais grossa, cor crua, minhas mãos tocam em algo de que tudo foi aproveitado. Tudo feito e pensado pelo ser humano.

Depois dos trabalhos manuais prontos coloco no centro da mesa e admiro enquanto começo o caderno.

 

O início do trabalho.

Cheio de energia ecoa sede de conhecimento.

Alegria!

Querendo muito atuar com as minhas mãos.

Mãos que trazem luz no mundo.

Luz que através de minhas atuam no mundo.

Luz que através de minhas mãos aquece e ilumina outros seres.

(CLS)

 

Na cestaria o tecer conversa com as tramas, como fechamento de um útero materno, costura firme e bem fechada, pois vai sustentar o que vai dentro, paredes se fecham e agora posso preencher de tudo aquilo que faz sentido, posso escolher o que vou colocar dentro de mim. Nós somos um tecer a pele como tecido, cobre as tramas das linhas dos fios de veias, músculos, que se preenche com os órgãos que são interligados, cores texturas acontece, coloca e tira o tempo todo, entra do mundo externo e sai do interno para o mundo.

As mãos trás memorias de nossas ancestralidades vivas no inconsciente só buscar deixar as mãos atuar.

O caderno se torna corpo, pelas experiências que me chegam e que carrego.

Cores complementam e chega à alegria, não precisa do silêncio ouço músicas, o caderno cria formas em minhas mãos e se abre entrega páginas belas serem preenchidas.

Não é força é jeito. Nas tramas das cestas não teve regras, pontos e apenas deixei fluir a obra mostrar o caminho que expressa em mim que nasce em minhas mãos.

Cestar, gestar, cuidar criar.

Buscar com o corpo na alma o que o espírito quer expressar, somos nós querendo atuar.

Forma e cores chegam querendo atuar.

Conseguimos executar!

Vou chegando ao final, mãos, pontas dos dedos e braços doem. Agora encerro e contemplo o que nasceu de mim.

 

Aqui me vejo,

As cores me trazem lembrança da infância.

As cores família, cada um tem seu tom meus pais e irmãos.

Agora a força do mundo adulto adentra dentro de mim com força, fico sem ar, e um esforço para me entrelaçar.

O frio na barriga, sei que vai surgir e não sei onde vai dar o caminho.

Ele pode ser curto ou longo não sei, sei que no final vou chegar.

Hoje estou preenchida, mas sei que um vazio também vai chegar.

E o que vai ficar?

Marcas na minha alma, não vai parar de expressar e o amor ultrapassa na força das minhas mãos.

Me expresso aqui agora com toas meus sentidos despertos.

Sinto o futuro e sei que este livro caderno, não importa sei que o futuro vai estar expresso o passado do meu eu.

Meu eu em forma de matéria.

(CLS)

 

A busca de leveza onde os trabalhos se encontram a leveza das cestas em total perfume da citronela e apesar do peso a escrita traz a leve expressão da alma nas palavras e desenhos, costura, aquarela.

Assim me mostro quem eu sou na vida, a dor não é empecilho de caminhar, superação, dislexia me rodeia, foco e vejo para onde quero chegar, estou quase lá!!!

Acabei.

Tenho que comemorar e contemplar a obra.

 

Contemplo algo que saiu de dentro de mim.

Dor, frustação, ansiedade, alegria, medo, cansaço, descoberta e amor.

Tudo isso dentro de mim.

Se expressa em forma, cores, texturas, cheiro agora posso ver e sentir.

Pela primeira vez me vejo nascer.

(CLS)

 

Assim é a vida.

Deixamos expressar na alma, a o que realmente fomos. O corpo físico fica impregnado no ato da morte tudo aquilo que fomos e somos, as lembranças é o perfume que deixamos impregnados nos que ficam.

E com tempo o perfume vai se perdendo por gerações. E algum momento do futuro está essência se apresenta de outra forma, o perfume se transforma em palavras e pelas mãos passadas por gerações.

Na construção do caderno inquietação a costuras das folhas, faz calor me levanto tomo água, volto faço movimentos, continua a fazer, hora de jantar e não quero parar, ao par de pensar corpo que não para, constrói, absorve e solta. Esquenta e esfria sem que façamos nada, está tudo a funcionar.

O trabalho continua já estou a duas semanas junto a rotina de todos os dias.

Hoje é domingo trabalho do caderno continua, Dia das Mães durante o trabalho solto perdão para minha mãe, de forma genuína e sincera, amorosa e compreensiva, solto e sigo.

Quando somos crianças não sabemos nomear sentimentos, e sente de forma a grandiosa a e intensa, vai para o inconsciente e aí agora aprendo a julgar pelas minhas percepções de meus registros de vivência. Julgar, egoísmo, olhar somente sua dor. Sentimentos pela minha mãe que carreguei, mas hoje a libertei e libertei minha mãe pedi perdão, choro e risadas de alegria tudo ao mesmo tempo.

Libero dentro de mim desejo de cozinhar de forma afetiva, intuição? percepção do meu ser?

Apenas meu eu querendo se curar e trazer momentos de cumplicidade através dos sentidos. Vou para cozinhar ao que me remete a infância, frago refogado com fígado de galinha, sinto que minha mãe se faz presente aqui.

Faço a conexão com todos os trabalhos até agora executados, separação dos materiais, expressão de sentimentos, a cura de processos que tiramos de dentro, aqui estou eu contemplando o alimento que me cura e tranquiliza meu ser.

Acima de mim o céu.

Abaixo de mim a terra.

E aqui estou eu.

Algumas coisas estão acontecendo, me colocar no mundo e me colocar no meu lugar que conquistei. Quem sou eu?

Enquanto transcrevo minha história me recordo de quase morte por mim, uma experiencia vivenciada em tempos remotos. Desistir da vida.

Um ato de desespero fraqueza da alma.

Depois retornei desvitalizada, sem esperança, fraca, falta de fogo e buscando motivação dentro de mim para viver.

Repetição!?

Persistência, ritmo, trabalho com as mãos, direcionada para o outro.

Superação de quem sou e o que eu trago, passar por cima do medo e fazer.

A escrita trás o desfio da dislexia sigo, me expresso, sei que sou capaz de superar

e mostrar quem sou e aonde quero chegar.

Chego ao fim deste processo aqui.

Me preparo para o que vai chegar cheia de entusiasmos e alegria.

 

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*Mantivemos apenas as iniciais da pesquisadora para expor por inteiro a intensidade do processo de um dos exercícios propostos no Módulo Segundo da Pós-Graduação Artes-Manuais para Terpias.